Radical ou Necessária?
Se uma mudança radical não é motivada pela sua saúde, então pelo que você mudaria sua vida?
Li recentemente sobre alguém enfrentando desafios com triglicerídeos e colesterol elevados, reclamava que os medicamentos pareciam não surtir o efeito desejado. A pessoa expressou o desejo de encontrar uma nutricionista que lhe auxiliasse na mudança do estilo de vida mas sem adotar uma abordagem radical.
Sei que quando algo nos incomoda no discurso do outro tem muito a ver com nossa própria visão das coisas. E esse comentário me incomodou. Um pouco (muito) me revolta o fato de que as pessoas não querem ser radicais quando é a sua própria saúde que está em jogo.
Pra mim, ainda que a implementação seja gradual, sua vontade de mudar precisa ser radical. Muitas vezes você vai falhar, não vai conseguir seguir, mas não dá pra largar mão se você tem uma doença crônica. Não precisa nem será perfeita, mas precisa ser drástica e decisiva.
Fiquei pensando em tanta coisa. Sei que minha parte que se revolta é porque perdi meu pai porque ele mesmo nunca conseguiu mudar seus hábitos. Ele não conseguiu mudar porque não tinha ferramentas. Não tinha conhecimento. Nem eu tinha, na época.
Como hipertensa e filha de alguém que morreu de parada cardíaca decorrente de complicações de doenças crônicas, eu estou sempre pensando no que posso melhorar agora pra ter qualidade de vida hoje e principalmente no futuro.
Toda minha geração tem um vô, tio, um pai, uma mãe que morreu de parada cardíaca decorrente de alguma complicação de doenças crônicas. As doenças crônicas representam um desafio significativo para a saúde global. Essas condições de longa duração, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, obesidade são caracterizadas por sua persistência e impacto duradouro, ou seja, a gente aprende a conviver. E em muitos casos se acostuma viver se sentindo mal.
Os impactos das doenças crônicas vão além dos sintomas físicos. Elas podem afetar a qualidade de vida, o bem-estar emocional e as atividades diárias, além de representar um fator de risco para complicações sérias. MAS, apesar de tudo somar no longo prazo, elas não te matam do dia pra noite, nem em meses. O que, imagino eu, faz com que as pessoas não se preocupam em mudar “radicalmente”.
Talvez eu seja meio super freak, mas no final das contas é só com essa postura que me sinto realmente no controle. Já falei aqui sobre a falácia do equilíbrio e ser saudável não é comer mesma quantidade de verdura pra o que você come de pizza.
Pra mim, quando o “remédio não esta adiantando” você precisa de mudança de comportamento radical. Você precisa fazer diferente do que fez até agora, porque claramente, o que você fez até hoje não gerou bons resultados. Remédio nenhum sozinho faz milagre. Eu tomo hipertensivo há 6 anos. Se eu não tivesse mudado meus hábitos muito provavelmente hoje eu tomaria uma dose mais alta, e teria que tomar remédio pro colesterol. Eu faço exercícios 6 vezes na semana, faço lowcarb pra poder continuar tomando 5mg do meu remédio pra sempre. Às vezes, é frustrante observar pessoas que não adotam qualquer mudança e afirmam que seus exames estão ótimos. Isso me leva a questionar essas informações, mas sigo focada em melhorar minha saúde e ajudar aqueles que estão abertos à transformação de hábitos e buscam informações de qualidade.
Mudanças no comportamento alimentar e a incorporação de exercícios na rotina diária são recomendações frequentes de profissionais de saúde para gerenciar e prevenir condições crônicas. Eu mesma ouvi do meu cardiologista em Buenos Aires que eu não deveria mais comer pão. Mas o que isso significa? Por quê?
Só depois de saber como meu corpo funciona que entendi. Não foi nenhum médico em consultório que me explicou. Foi descobrindo a lowcarb através do Dr. Souto e da Sari Fontana e ter feito uma mudança…digamos, radical.
Ao adotar a dieta lowcarb, percebi uma série de benefícios notáveis: meus níveis de açúcar no sangue se estabilizaram, meu apetite diminuiu e experimentei uma perda de peso saudável. Essa transformação radical na minha alimentação, ao eliminar alimentos como pães, massas e açúcares refinados, teve um impacto significativo na minha saúde metabólica e cardiovascular. Essa mudança se tornou parte da minha identidade; hoje, olho para um pão sobre a mesa e sei que não faz parte do meu cardápio. É como estar na casa de alguém e não pegar algo que não me pertence. Pães, doces, massas e alimentos ultraprocessados simplesmente não fazem parte da minha jornada para uma vida mais saudável.
É uma escolha radical e consciente que me ajuda a manter o controle sobre minha saúde e bem-estar diariamente. <3