Já pararam pra pensar que nós, seres humanos, somos os únicos capazes de criar significados? Temos a superpoderosa característica de atribuir significado a tudo. E, inclusive, sofrer com eles! E essa capacidade de criar significados está diretamente relacionada à forma como nosso cérebro funciona.
Classificamos, valorizamos e julgamos as coisas conforme nossos critérios. E o mais maluco é que criamos até sistemas de investigação, como a semiótica e a filosofia, para estudar os significados que nós mesmos inventamos.
Nossos cérebros são capazes de processar informações sensoriais e cognitivas e, a partir delas, criar representações mentais que atribuem significado às experiências vividas. Essas representações mentais são como mapas que organizam e dão sentido ao mundo ao nosso redor, influenciando nossa percepção, comportamento e tomada de decisões.
À medida que interagimos com o mundo, o cérebro registra informações sensoriais e as conecta com as emoções associadas a essas experiências. Essa interação entre emoção e cognição permite que atribuamos significado a essas experiências e as incorporemos em nossos mapas mentais.
No conhecimento popular tudo isso é chamado de: CRENÇA. Ou seja, nossa capacidade de pensar, interpretar e acreditar em nossas representações mentais.
A criação de significado é uma jornada pessoal e subjetiva. Cada indivíduo tem sua própria percepção e interpretação do mundo ao seu redor, e isso influencia diretamente os significados que atribuímos às experiências. Além de que, diferentes sociedades e grupos têm sistemas de crenças, valores e interpretações únicas que moldam seus mapas mentais e a forma como atribuem significado às experiências.
Esses mapas mentais ou crenças são os caminhos percorridos tantas vezes pelo pensamentos que acreditamos neles, não duvidamos ou questionamos sua veracidade. Sistemas de crenças então seriam os agrupamentos desses significados que criamos para várias áreas da nossa vida. E as tais crenças limitantes são aqueles significados que nos restringem, que nos impedem de alcançar todo o nosso potencial e desenvolvimento. Costumamos acreditar erroneamente que, se nosso cérebro nos repete um pensamento várias vezes, isso significa que está correto. Mas isso não é verdade!
Ao longo de nossas vidas, esses mapas mentais de significado são construídos e refinados com base nas nossas experiências, nas interações sociais e nas influências culturais. Eles moldam nossa percepção da realidade e influenciam a forma como interpretamos o mundo ao nosso redor.
Só que nem sempre estamos conscientes desse processo de criação de significados. Muitas vezes, seguimos padrões mapas estabelecidos na infância, sem questioná-los ou atualizá-los. É como se estivéssemos presos a um "cérebro infantil" que reage emocionalmente e busca validação externa para resolver nossas emoções.
Sabe aquela sensação da gente nunca se sentir adulta de fato?
A idade adulta emocional é quando finalmente assumimos a responsabilidade por nossos sentimentos e significados. Significa reconhecer que somos os criadoras desses mapas mentais (crenças) que não são fixos ou imutáveis. À medida que crescemos, amadurecemos e adquirimos novas experiências, nosso cérebro continua a criar e modificar esses mapas. Podemos desafiar e reavaliar os significados atribuídos às situações, reorganizando nossos mapas mentais para promover um maior bem-estar emocional e uma visão mais ampla do mundo. E temos o poder de questioná-los, modificá-los e criar novos significados que nos façam bem.
Quando crescemos e expandimos nossa consciência a habilidade de criar significados é nossa responsabilidade.
Mas como começar a olhar pra esses significados que colecionamos durante a vida?
Bem, aqui vão algumas dicas práticas para começar olhar pra eles!
Tome consciência dos seus pensamentos: Preste atenção aos pensamentos que surgem em sua mente e observe como eles influenciam suas emoções. Lembre-se de que você tem o poder de questionar e escolher os significados que deseja atribuir a eles. Reserve um tempo para refletir sobre suas emoções, pensamentos e ações. Conecte-se consigo mesma e explore o que está por trás das suas reações emocionais. Ao compreender melhor a si mesma, você poderá tomar decisões mais conscientes e alinhadas com seus valores e objetivos.
Assuma a responsabilidade pelos seus sentimentos: Reconheça que você é a única responsável pelas suas emoções. Não coloque a culpa nos outros ou nas circunstâncias externas. Compreenda que suas reações emocionais são resultado dos significados que você escolheu dar às situações.
Desafie o que você acredita: Identifique as crenças que estão limitando o seu potencial e questione sua validade. Pergunte-se se essas crenças ainda fazem sentido para você e se estão contribuindo para o seu crescimento pessoal. Esteja aberta a mudar e criar novos significados que impulsionem seu desenvolvimento.
Pratique a empatia: Lembre-se de que as outras pessoas também têm suas próprias crenças e emoções. Tente compreender diferentes perspectivas e evite julgamentos precipitados. Ao cultivar a empatia, você fortalece sua capacidade de lidar com as emoções tanto suas quanto dos outros.
Pratique a autorresponsabilidade: Reconheça que você é responsável pelas suas escolhas e ações. Não espere que os outros resolvam seus problemas ou satisfaçam suas necessidades emocionais. Busque soluções e recursos dentro de si mesma.
Pra quem quer começar a investigar profundamente a sua criação de significados, proponho as seguintes reflexões:
Diário de Fluxo da Consciência:
Reserve um tempo todos os dias para escrever livremente em seu diário. Deixe seus pensamentos fluírem sem censura.
Durante esse processo, reflita sobre as seguintes perguntas:
Quais crenças sobre mim mesma e sobre o mundo me foram ensinadas desde a infância?
Quais eram as expectativas impostas sobre como as coisas devem ser e como eu deveria ser?
Quais são as histórias que criei ao longo do tempo para justificar minhas crenças em diferentes áreas da minha vida?
Identificação de Crenças Limitantes:
Analise seus registros no diário e identifique pensamentos que possam indicar crenças limitantes.
Faça as seguintes perguntas ao revisar seus pensamentos:
Essa crença está me servindo de alguma forma? Ela está me ajudando a alcançar uma vida plena e satisfatória?
Essa crença é baseada em fatos ou é apenas uma percepção distorcida?
Como essa crença me limita em diferentes áreas da minha vida?
Análise das Crenças Adjacentes:
Para cada crença limitante identificada, desmembre-a em crenças adjacentes que ela cria.
Faça as seguintes perguntas para explorar as crenças adjacentes:
Quais são os pensamentos relacionados a essa crença limitante?
Esses pensamentos são positivos e capacitadores ou eles me impedem de alcançar meu potencial?
Reflexão e Questionamento:
Reflita sobre cada uma das crenças limitantes e crenças adjacentes identificadas. Questione sua validade e impacto em sua vida.
Considere as seguintes perguntas para ajudar na reflexão:
Essa crença é realmente verdadeira ou é apenas uma perspectiva condicionada que adotei?
Como minha vida seria diferente se eu não acreditasse nessa crença?
Existe alguma evidência ou experiência que contradiz essa crença?
Escolha de Significados Alternativos:
Para cada crença limitante, busque pensamentos alternativos que sejam mais positivos e capacitadores.
Faça as seguintes perguntas para explorar novas crenças:
Que crenças/significado eu gostaria de adotar para substituir as limitantes?
Como essas novas crenças podem me ajudar a alcançar meus objetivos e melhorar minha qualidade de vida?
Trabalho Semanal em Crenças:
Escolha uma crença por semana para se concentrar.
Durante essa semana, dedique tempo e esforço para questionar, desafiar e substituir essa crença por uma alternativa mais positiva.
Anote seus insights, reflexões e progresso em relação a cada crença.
Lembre-se de que a transformação de significados é um processo gradual e contínuo. Dê-se tempo para praticar essas habilidades e esteja aberta a cometer erros e aprender com eles. À medida que você fortalece sua capacidade de criar significados que te empoderem, você abrirá caminho para uma vida mais plena, autêntica e emocionalmente satisfatória. Você tem total capacidade de viver de acordo com os significados que você escolher criar.
A vida é muito mais gostosa quando você se torna a chef da sua própria receita de significados.